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Antelope Canyon, onde a água esculpe no meio do deserto

Slot canyons são uma formação bastante comum no sudoeste dos Estados Unidos. São fendas estreitas criadas pela passagem da água durante as temidas flash floods que são aquelas enchentes rápidas que surgem por causa de uma chuva forte e levam tudo pela frente. A água, ao percorrer seu interior, vai criando estas formações incríveis na rocha macia. Dos inúmeros que existem naquela região, definitivamente o Antelope Canyon é o mais famoso deles

Situado na cidade de Page no Arizona, bem próximo à borda de Utah, ele está dividido em dois, o Lower e o Upper. Ambos estão localizados dentro da Navajo Nation, uma área controlada por este povo indígena. O nome surge em função dos bandos de antilocapra (pronghorn, em inglês) que habitavam os canyons. Hoje, nem sinal deles. E, para completar, nem são antílopes.

Visitar estas áreas somente pode ser feito em grupos guiados pelos Navajo. O Lower Antelope Canyon é controlado por duas famílias enquanto que o Upper Antelope Canyon tem suas visitas divididas em cinco empresas. São passeios curtos em termos de distância e duração, mas um tanto caros. Um passeio em ambos vai chegar perto de duzentos dólares por pessoa.

 

 

 

Na primeira vez que eu fui, contratamos o tour fotográfico no Upper e podíamos levar tripé. Hoje nem mochila ou óculos de sol podem ser trazidos. Apenas câmera, celular e uma garrafa de água. Naquela ocasião, os guias se revezavam dentro do canyon e trancavam a circulação de pessoas. Por este motivo você conseguia fotografar sem que aparecessem outras pessoas na foto. Hoje é bem mais complicado.

Mesmo no inverno, o destino atrai centenas de pessoas ao longo do dia. Em outras estações, passam dos milhares. Ou seja, é uma mina de ouro. Por este motivo, você precisa ser rápido. Eles querem faturar. Nada de ficar curtindo a paisagem ou escolher o melhor ângulo para a foto. É sempre um stress.

Na mais recente ida, no horário que eu entrei, eram sete grupos de dez pessoas. Apenas de uma empresa. O guia vai na frente, mostra as “figuras” criadas na rocha, conta umas histórias e se oferece para fazer uma foto com o celular do cliente. Eu sempre dispensava a foto de turista e calmamente ia ficando para trás. Assim tinha o canyon vazio para mim. Saia disparando a câmera o máximo que podia. O problema é que o guia do grupo que vinha atrás ficava me acelerando. Seguidamente chamava minha guia e reclamava que eu estava atrasando todos. Até na língua deles me xingavam. Por sorte, as coisas só ficaram mais exaltadas no final do trajeto.

Eu sou engenheiro por formação, logo a fotografia não é tão natural para mim. Nestas situações abstratas, eu preciso de um tempo ainda maior do que eu normalmente levo para compor as imagens. Ali não tem jeito. Programo a câmera para fazer várias exposições num único clique, pois há um contraste muito grande entre o piso do canyon e o céu acima. E disparo para tudo que é lado. Apenas no Lower, fiz perto de mil imagens em uma hora.

É na tranquilidade de casa, em frente a uma tela grande que eu separo e vou tratando as imagens. Cada vez que eu saio de um daqueles buracos, juro que é a última vez, mas quando fico mexendo nas imagens, não vejo a hora de voltar. Este ano estive pela segunda vez no Upper. Fiz fotos que não tinha visto na primeira visita, mas também descobri que algumas imagens que fiz em 2018, não se repetirão mais. Em breve volto para o Lower, desta vez espero que seja numa manhã ensolarada.

 

No Upper, o melhor horário é no meio do dia. Em determinadas épocas, uma fenda de sol entra no canyon. Os guias jogavam areia naquele raio e figuras se formavam diante dos nossos olhos e câmeras. Hoje não tem mais areia no leito do canyon. Já no Lower, o melhor horário é no início da manhã, pois o sol bate nas paredes e uma enormidade de tons de laranja, vermelhos e roxos salta da parede diretamente para as câmeras.

É longe, é caro e é estressante, mas é sempre um espetáculo! E é uma alegria enorme encontrar algumas gemas enquanto fico mexendo nas fotos aqui em casa. Um novo olhar na pasta de fotos sempre oferece alguma imagem diferente que eu tinha deixado passar. Eu gosto das formas e da textura, eu amo os tons, mas acho que o que me atrai mais é o desafio de encontrar uma boa composição naquelas paredes. Contando os dias para voltar lá!

Ao final de cada página escolho uma imagem que me agrada e faço uma simulação dela como um quadro. Os tons quentes do Antelope Canyon, na minha opinião, sempre ficam mais destacados com tons escuros a sua volta. Aqui optei por um quadro pequeno sobre a bancada e escorado na parede, mas este lugar é tão lindo que merece uma tela maior.